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CACHAÇA CONTAMINADA ERA VENDIDA NO INTERIOR DA BAHIA
Serrinha é uma típica cidade do sertão da Bahia. Pobre, vive apenas da criação de bodes e cabras. A maior diversão dos 76.000 moradores é beber. Segundo estimativas da Associação dos Produtores de Cachaça da Bahia, o município consome cerca de 25.000 litros de pinga por mês. Descontando-se as crianças, que compõem um terço da população, isso significa que cada habitante de Serrinha bebe, em média, 6 litros por ano
um dos mais altos índices de consumo de destilados do mundo. Na semana passada, essa vocação etílica resultou em uma tragédia. Até a última sexta-feira, treze pessoas tinham morrido em Serrinha depois de tomar cachaça contaminada com um tipo de álcool conhecido como metanol. Produzido a partir do gás natural extraído em poços de petróleo, o metanol é uma substância altamente tóxica usada em postos de gasolina na mistura de combustível.
O primeiro a tomar conhecimento da tragédia da cachaça foi o agente funerário Eufrásio de Souza, de 74 anos. Dono da única funerária do município, Souza viu dobrar a venda de caixões em poucos dias. "Tudo mundo chegava aqui dizendo que os parentes tinham morrido de cachaça", ele conta. Assustado, Souza avisou o filho, que trabalha na Secretaria de Saúde da Bahia. Na investigação feita em seguida descobriu-se que os mortos tinham apresentado os mesmos sintomas: náusea, cegueira, taquicardia e muita sede. São todas reações características de intoxicação por metanol. Exames feitos pelo Departamento de Polícia Técnica da Bahia confirmaram que a bebida vendida em bares e botecos da cidade estava envenenada. A causa mais provável da contaminação é o uso de embalagens com restos de metanol por alambiques clandestinos que produzem e distribuem a cachaça.
Exagero
Essa foi a segunda vez em sete anos que a venda de cachaça contaminada com metanol provocou mortes em série no interior da Bahia. Na vez anterior, em 1990, vinte pessoas morreram em Santo Amaro. Outras duas ficaram cegas porque um dos primeiros efeitos do metanol é a paralisia do nervo ótico. Em Serrinha, a contaminação foi agravada pelo exagero no consumo da bebida. Um levantamento da Secretaria Municipal de Saúde revelou que todas as vítimas eram alcoólatras. Uma delas, o agricultor Manoel Bispo de Almeida, de 68 anos, tinha bebido 6 litros de cachaça em apenas três dias, segundo depoimento de familiares. Sua mulher, Maria Oscalina, também morreu intoxicada. "O metanol é o principal responsável pela morte dessas pessoas, mas o consumo excessivo acelerou o processo", afirma Luis Renato Carazai, médico psiquiatra e presidente nacional dos Alcoólicos Anônimos, AA.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o álcool é a terceira causa de morte no mundo. No Brasil, 17. 000 pessoas morreram por alcoolismo entre 1990 e 1994, segundo os últimos registros disponíveis no Sistema Único de Saúde. A cirrose hepática ocupa o sétimo lugar entre as causas de óbito em maiores de 15 anos no país. No ano passado, o Ministério da Saúde desembolsou 51 milhões de reais com o tratamento de 90.000 dependentes de álcool. A indústria nacional de bebidas fatura 2,5 bilhões de reais por ano. Grande parte da cachaça consumida no interior do país é produzida em alambiques clandestinos, que funcionam sem nenhuma fiscalização ou controle das autoridades.
Só na Bahia existem cerca de 2.500 desses alambiques artesanais. A última vez que eles passaram por algum tipo de inspeção foi na década de 70. Os alambiques baianos produzem bebida sem nenhum cuidado com a higiene e a distribuem em embalagens improvisadas chamadas "bombonas". São grandes recipientes de plástico originalmente fabricados para armazenar produtos químicos no Pólo Petroquímico de Camaçari, entre eles o metanol. Depois de usadas, essas bombonas são vendidas livremente na Bahia. Na feira de São Joaquim, a mais tradicional de Salvador, pode-se comprar uma bombona de 50 litros por 20 reais ainda com o selo do produto químico que ela armazenou.
![cidades4.jpg (21342 bytes)](https://veja.abril.com.br/121197/imagens/cidades4.jpg) |
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O distribuidor Martins da Silva: vinte anos de ilegalidade
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Foto: Fernando Vivas |
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Veneno
O maior distribuidor de Serrinha, Martins Oliveira da Silva, o "Louro", vende cachaça ilegal há vinte anos. Ele compra a aguardente concentrada de alambiques de Feira de Santana e Amélia Rodrigues, cidades próximas. Depois mistura água e essência na bebida para transformá-la em uma cachaça com menor teor alcoólico. Pelo mesmo processo também produz vinagre e um vinho conhecido na região como jurubeba. Nessa operação, cada litro da aguardente original acaba multiplicando-se por 4 de bebida sem rótulo. Nos bares da cidade, o litro dessa pinga caseira custa 80 centavos
apenas um quarto do preço da bebida industrializada.
O único sobrevivente conhecido até agora da tragédia de Serrinha é Antônio João da Silva, 41 anos, separado, pai de quatro crianças e também alcoólatra. Ele passou muito mal depois de beber cachaça. Sentiu náusea e muita sede, mas não chegou a apresentar todos os sintomas da intoxicação. Os médicos acreditam que ele conseguiu neutralizar em parte os efeitos do metanol porque, além de beber a cachaça produzida pelos alambiques clandestinos, também consumiu aguardente industrializada. A cachaça de melhor procedência teria ajudado a amenizar os efeitos do veneno. "Foi muita sorte, mas não sei se consigo sobreviver ao meu vício", diz ele.
Depois das mortes da semana passada, como sempre acontece nesses casos, as autoridades começaram a agir. Em Serrinha, o juiz proibiu a comercialização da bebida suspeita e mandou apreender 20.000 litros já distribuídos pelos alambiques. A polícia fechou várias distribuidoras, como a de Antônio José Santiago, que vendia 400 litros de cachaça ilegal por semana há três anos. Lá foram encontradas as bombonas que haviam sido usadas com produtos químicos. "Não tenho culpa nenhuma", afirma Santiago. "Faz três anos que vendo cachaça desse jeito e nunca aconteceu nada." Ele acredita que até o final do mês voltará a vender cachaça ilegal normalmente.
Com reportagem de Cândida Silva
POLUIÇÃO POR DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO
O petróleo é uma substância líquida encontrada na natureza e utilizada para inúmeras finalidades como para a obtenção de combustíveis, medicamentos, solventes, óleos lubrificantes e outros. Há três mil anos o petróleo já era utilizado na construção de castelos e embarcações, na preparação de múmias, na cura de doenças de pele, na iluminação e em outras práticas que, por meio destas, foi conhecido e usado como fonte para outras atividades.
Por ser matéria-prima de uma extensa variedade de produtos importantíssimos para a vida do homem atual, o petróleo é cada vez mais retirado da natureza, mas por causa da distância entre os locais de retirada e os locais de utilização do mesmo é que surgem problemas ambientais como o de derramamento de petróleo.
O derramamento de petróleo normalmente acontece por causa de embarcações despreparadas, águas turbulentas que levam as embarcações contra pedras, plataformas furadas, explosões de poços, tanques com capacidade inferior ao conteúdo existente e outros. Ao entrar em contato com o mar, o petróleo contamina as águas provocando a morte dos seres vivos existentes, como peixes e corais. Também contamina o solo fazendo com que a área localizada se torne improdutiva e tóxica.
Normalmente, o derramamento de petróleo ocorre em maior grau nas águas como conseqüência de acidentes ocorridos no transporte do mesmo. Dessa forma, as águas além de não sustentar a vida não servem ainda para consumo dos seres humanos, pois forma-se uma película sobre ela impossibilitando-a de ser utilizada e ainda quando chega à costa provoca também grandes prejuízos.
Por Gabriela Cabral
Equipe Brasil Escola
COMO É FEITA A LIMPEZA POR DERRAMAMENTO DE PETROLEO
![Vazamento de Petróleo](https://www.brasilescola.com/imagens/curiosidades/acidente-petroleo2.jpg)
No Brasil, a maioria das plataformas petrolíferas existentes está em águas profundas. Quando um acidente de petróleo ocorre ou escapa óleo de um navio petroleiro ou mesmo de um oleoduto, as equipes de limpeza precisam agir rapidamente para tentar diminuir o impacto do acidente.
Os técnicos especializados, “a equipe de limpeza”, conseguem diminuir o impacto causado pelo acidente, cercando a mancha de óleo para evitar que ela se espalhe e continue contaminando rios ou até mesmo o mar.
Após este processo, eles iniciam a recuperação da área, separando o óleo da areia e da água, assim após estes processos, o óleo pode ser reaproveitado.
![](https://www.brasilescola.com/imagens/curiosidades/acidente-petroleo.jpg)
O processo de extração de petróleo é considerado como uma atividade de alto risco ambiental, mesmo com todos os cuidados tomados pelas equipes de extração.
Um dos mais graves acidentes ocorridos no Brasil (especificamente na baía de Guanabara) foi em janeiro de 2.000, quando um duto se rompeu e lançou ao mar mais de um milhão de litros de petróleo, afetando vários quilômetros do manguezal e provocando a morte de vários animais.
VAZAMENTO DE PETRÓLEO NO GOLFO DO MÉXICO
Robôs, drenos e dispersantes são usados para tentar evitar desastre.
Quase um milhão de litros de óleo se espalha no mar por dia nos EUA.
Do G1, com informações do Fantástico
Às 22h do dia 20 de abril houve uma explosão no Golfo do México. Onze funcionários da empresa British Petroleum ficaram desaparecidos no acidente. Desde então, formou-se uma corrida contra aquele que pode ser tornar em breve o maior derramamento de óleo já ocorrido nos Estados Unidos, e um dos maiores da história – somando todas as manchas, a área é comparável ao tamanho de um país como Porto Rico acidente ocorreu em uma região de intensa exploração de petróleo, a 65 quilômetros da costa do estado americano da Louisiana.Quando a plataforma Deepwater Horizon pegou fogo, um sistema automático deveria ter fechado imediatamente uma válvula no fundo do mar. Deveria, mas não fechou.O equipamento de emergência falhou e, quando a plataforma afundou, dois dias depois, a tampa do poço ficou aberta. E há 12 dias o petróleo vaza sem interrupção.
E agora que o equipamento falhou, interromper o vazamento de quase um milhão de litros de petróleo por dia no Golfo do México, e que acaba de chegar a uma reserva natural?
Bastaria girar a válvula e o poço ficaria fechado para sempre. Mas o equipamento está a mais de 1,5 mil metros de profundidade.
Robôs
E aqueles que seriam a única esperança estão há quase duas semanas tentando. Robôs submersíveis controlados à distância primeiro tentaram o mais simples: apertar um botão que fecharia a válvula. Nada feito. Eles agora usam ferramentas, como alicates e cabos conectores na tentativa de consertar o defeito.
"Temos um robô trabalhando especificamente na válvula na boca do poço. Outros estão tentando fechar os vazamentos na tubulação e temos ainda outros robôs monitorando a área para saber se não há ainda mais óleo vazando", explicou ao Fantástico a representante da British Petroleum, Marti Powers.
Perguntada por que os robôs não tiveram sucesso até agora, Mari Powers diz, simplesmente, que não tem como responder.
Em um sinal de desespero, os comandantes da operação apostam em várias estratégias ao mesmo tempo.
Dreno
Já está em construção em um estaleiro próximo uma enorme estrutura metálica, uma câmara de contenção que será colocada sobre a região onde o petróleo está vazando. Por uma espécie de dreno, o óleo contido seria levado até navios-tanque e retirado do mar.
A complexidade da outra estratégia confirma: o vazamento pode demorar meses.
Uma plataforma móvel está sendo rebocada até o local e nos próximos dias começa a perfurar um novo poço ao lado do que está vazando. Pela nova tubulação, os engenheiros pretendem injetar cimento e finalmente bloquear a passagem do petróleo pelos dutos danificados.
Demora
No começo do acidente, dizia-se que o petróleo na superfície do Golfo do México era só uma pequena quantidade, o que sobrou da plataforma perdida. Na última quinta-feira (29), nove dias depois, engenheiros perceberam que vazava quase um milhão de litros por dia. Foi só aí que o presidente Barack Obama veio a público e montou uma força tarefa do governo.
Em uma embarcação da Guarda Costeira, a equipe do Fantástico viajou quase duas horas pelo Rio Mississippi até a entrada do Golfo do México.
No caminho, os primeiros sinais da megaoperação montada para reduzir o impacto do óleo sobre a reserva ambiental que se forma em torno do rio: mais de 60 quilômetros de barreiras.
Mas a ajuda também chega pelo céu. Aviões jogam dispersantes sobre a mancha, perto de um milhão de litros até agora. É uma espécie de sabão que provoca uma reação química, quebrando o óleo em partículas menores. O óleo se dilui na água e pode ser digerido por bactérias marinhas que usam essas partículas como alimento.
"Pela primeira vez estamos usando dispersantes também na origem, no próprio poço", explica Patrick Keley. "Só assim podemos dissolver o óleo antes que ele chegue à superfície".
Em outra frente, 75 barcos e mais de duas mil pessoas tentam retirar do mar o máximo possível do petróleo derramado. Mas, apesar dos esforços, a cada segundo o volume aumenta. O combustível se espalha e muda de forma.
Após o derramamento de Petróleo o que acontece?
![](file:///C:/DOCUME%7E1/Branco/CONFIG%7E1/Temp/moz-screenshot.png)
Processos iniciais:
- Espalhamento;
- Evaporação;
- Dispersão;
- Emulsificação;
- Dissolução.
Processos Finais:
- Oxidação;
- Sedimentação;
- Biodegradação.
GRUPO PERUANO FAZ PLÁSTICO BIODEGRADÁVEL BASEADO EM BATATA
ROCÍO OTOYA
da Efe, em LimA Um grupo de cientistas peruanos inventou um plástico biodegradável a base de batata, uma alternativa para minimizar os efeitos da poluição e agregar valor aos produtos agrícolas do país.
O produto, elaborado a base de amido de batata --a partir de um tubérculo originário da zona do Lago Titicaca, e outros tubérculos como a mandioca e a batata-doce--, "é biodegradável e, além disso, é biocompostável [se decompõe e se transforma em adubo]", explicou o coordenador-geral do projeto da Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP), Fernando Torres.
Um plástico fabricado com derivados do petróleo (como as sacolas de supermercado e os produtos domésticos no geral), demora dezenas de anos para se desintegrar, e ainda assim não desaparece completamente.
Um material biodegradável, no entanto, só demora dois anos.
Por isso a equipe da PUCP trabalha há anos na criação dos plásticos biodegradáveis a base de tubérculos, um projeto financiado pelo Programa de Ciência e Tecnologia (FINCyT) do Peru.
O plástico é produzido no laboratório, onde se extrai a umidade da batata. O material é filtrado e, por meio de um processo de centrifugação o tubérculo é seco, obtendo-se assim o amido.
Desse momento em diante, o amido é trabalhado em um equipamento para processar plásticos convencionais até ser transformado em lâminas com aspecto similar às lâminas do material encontradas no mercado.
Salomón Soldevilla, do departamento de Agroindústria da FINCyT, afirma que o objetivo do projeto é "estabelecer os protocolos de desenvolvimento de tecnologia para que estas fontes naturais possam ser utilizadas de diversas formas".
A maior parte dos plásticos biodegradáveis é fabricada à base de milho, um produto abundante nos Estados Unidos, país que, além disso, conta com uma indústria capaz de produzir o alimento em grande escala, explica Torres.
A novidade deste plástico, que ainda está em fase de pesquisa, é o uso do amido da batata peruana.
Agora os pesquisadores comandados por Torres, doutor em ciência de materiais, tentarão precisar qual variedade de batata, entre as milhares existentes no Peru, 'é a mais adequada'.
Os cientistas já conseguiram produzir lâminas e filmes (de plástico de amido de batata) que podem servir de modelo para bandejas e sacolas, muito utilizadas no Peru, onde a consciência ecológica não é muito grande. No país são usadas muitas sacolas e é comum ver as pessoas descartando o material na rua.
Além disso, os cientistas da PUCP também enfrentam o desafio de passar para a próxima etapa da pesquisa e produzir o produto em grande escala em um país em que a indústria do plástico é inexistente.
"O Peru não tem indústria, não produz matéria-prima plástica", diz Torres. Ele explica que apesar de existirem milhares de variedades de batata, o amido deste tubérculo tem que ser importado dos Estados Unidos.
"Um produto deste tipo também pode criar um valor agregado para a agricultura do país", afirmou Torres.
O Peru é, sobretudo, um país exportador de matéria-prima e um terço da população vive em situação de pobreza, especialmente nas áreas rurais, apesar de um crescimento sustentado durante quase uma década.
CAVERNA DO TOCANTINS EXALA GÁS MISTERIOSO HÁ 20 DIAS
GIULIANA MIRANDA
da Agência Folha
Uma fumaça desconhecida sai há 20 dias de uma caverna em Miracema do Tocantins (a 89 km de Palmas) e continua sem explicação. Nesta sexta-feira, um grupo técnico comandado pelo Naturatins (Instituto Natureza do Tocantins) visitou o local e informou que ainda é preciso completar a análise do material recolhido.
Um parecer do grupo deve ficar pronto na terça-feira. De acordo com o geólogo e químico Sanclever Freire Peixoto, da Naturatins, uma das hipóteses para o fenômeno e para o fogo existente no local é "o aumento da temperatura, que junto às folhas secas e fezes dos animais, pode ter provocado a combustão".
A caverna, que fica a 30 quilômetros do centro de Miracema e não é aberta à visitação turística, foi interditada pelo Corpo de Bombeiros na manhã de hoje, após moradores denunciarem que passaram mal com a fumaça.
Nos últimos dias, um forte odor se espalhou pela região. Segundo o técnico da Naturatins, o cheiro, que muitos descreviam como de enxofre, é na verdade amônia.
Vários animais foram encontrados mortos próximo à caverna e a vegetação do entorno está seca e com coloração modificada. Após a vistoria, responsáveis da Naturatins visitaram escolas e comunidades da região para tranquilizar os moradores.
Nos últimos dias, vários boatos sobre a fumaça se espalharam pela cidade. "Falaram até que seriam indícios de um vulcão em erupção, o que é absurdo segundo todos os geólogos que nós conversamos", informou Fábio Souza, da assessoria de comunicação do órgão.
Mata Atlântica teve área equivalente a metade de Curitiba desmatada em dois anosDa Redação
26/05/2010 - 12h26
No período de 2008 a 2010, a Mata Atlântica sofreu um desmatamento equivalente a metade do município de Curitiba, no Paraná, ou 20.867 hectares de cobertura florestal nativa. É o que mostra pesquisa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgada nesta quarta-feira (26).
Os dados parciais do do “Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica”, levantados com patrocínio da Bradesco Cartões, foram divulgados na véspera do Dia Nacional da Mata Atlântica.
Foram analisados 72% da área total do Bioma Mata Atlântica, nos Estados de Goiás, Minas Gerais (avaliado em 80%), Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul (avaliado em 80%), Paraná (avaliado em 90%), Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Os Estados do Nordeste ainda não puderam ser incluídos nesta atualização devido aos elevados índices de cobertura de nuvens e a previsão é que seus dados sejam divulgados até o final deste ano.
Estados mais críticos
Entre os nove Estados analisados, os que possuem desflorestamentos mais críticos são Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, que perderam 12.524 hectares, 2.699 hectares e 2.149 hectares, respectivamente.
Em seguida, estão os desflorestamentos de 1.897 hectares no Rio Grande do Sul, 743 hectares em São Paulo, 315 hectares no Rio de Janeiro, 161 em Goiás, 160 no Espírito Santo e 154 hectares no Mato Grosso do Sul.
No que se refere ao desmatamento dos ecossistemas costeiros, dos nove Estados avaliados, São Paulo foi o único a perder 65 hectares de vegetação de restinga.
Em Minas Gerais, a taxa de desmatamento anual aumentou em 15%: no último levantamento, a taxa anual de desflorestamento no Estado era de 10.909 hectares, e os dados de 2008-2010 apontam uma taxa de desmatamento de 12.524 hectares.
Minas Gerais possuía originalmente 46% do seu território (ou 27.235.854 ha) cobertos pelo Bioma Mata Atlântica, e agora restam apenas 9,64% do bioma, ou 2.624.626 hectares, no Estado. A equipe da Fundação ressalta que o índice pode ser ainda maior, já que Minas Gerais teve apenas 80% de sua área avaliada.
No Paraná, apesar de o desflorestamento ainda continuar, a taxa anual de desmatamento diminuiu em 19%: de 3.326 hectares no período de 2005-2008, para 2.699 hectares no período de 2008-2010. O Paraná possuía 98% de seu território (ou 19.667.485 hectares) no bioma, e agora possui 10,52% (2.068.985 hectares).
Santa Catarina diminuiu a taxa de desmatamento em 75%: de 8.651 hectares, o desflorestamento caiu para 2.149 hectares. Santa Catarina está inserido 100% no Bioma Mata Atlântica (9.591.012 hectares), e hoje restam apenas 23,37%, ou 2.241.209 hectares.
Já o Rio Grande do Sul aumentou a taxa de desmatamento anual: desflorestou 83% a mais. A taxa, que era de 1.039 hectares/ano no período de 2005-2008, passou para 1.897 hectares. O Estado possuía 48% do seu território (ou 13.759.380 hectares) no Bioma, e hoje restam apenas 7,31% (1.006.247 hectares).
Segundo a Fundação, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo são áreas críticas para a Mata Atlântica, pois são os Estados que mais possuem remanescentes florestais em seus territórios e acabam trazendo grandes desmatamentos em números absolutos.
Minas Gerais lidera desmatamento na mata atlântica
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
A exploração de carvão para siderurgia fez com que o Estado de Minas Gerais se tornasse o líder do desmatamento na mata atlântica entre 2008 e 2010. Os dados são do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado hoje pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e pela ONG SOS Mata Atlântica.
O atlas avaliou a mudança na cobertura florestal do bioma mais ameaçado do país (do qual restam apenas 7,9% da vegetação original) em nove Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A área avaliada equivale a 72% da área total do bioma.
No período, foram desmatados 20.867 hectares. Houve queda na média do desmatamento no período, embora Minas tenha aumentado sua derrubada em 15% (12.524 hectares) e o Rio Grande do Sul, em 83% (1.897 hectares).
Em Santa Catarina, tradicional Estado campeão do desmatamento, a derrubada caiu em 75%, apesar da implementação de um código ambiental estadual que permite a redução das áreas de proteção permanente. Segundo Flávio Ponzoni, do Inpe, coordenador técnico do atlas, as chuvas fortes que afetaram o Estado em 2008 são provavelmente a causa da diminuição.
Aquecimento global afeta até lagartos
da Associated Press, em Washington
Apesar de precisarem de calor para funcionarem, até lagartos estão sentindo as consequências do aquecimento global. Em artigo a ser publicado amanhã na revista "Science", cientistas afirmam que várias espécies de lagartos estão sendo extintas em diversas regiões do globo e que o provável culpado é o aumento de temperaturas.
Répteis necessitam de calor para agilizar seu metabolismo. O calor também afeta sua reprodução. Mas quando fica muito quente, eles preferem ficar escondidos na sombra. Isso diminui a frequência com que os lagartos saem para caçar alimento, afetando sua expectativa de vida.
![Lagarto Liolaemus tenuis; estudo mostra que animais estão sendo extintos devido ao aquecimento global.](https://f.i.uol.com.br/folha/ambiente/images/10133260.jpeg)
Lagarto Liolaemus tenuis; estudo mostra que animais estão sendo extintos devido ao aquecimento global.
No ciclo reprodutivo, isso é especialmente danoso: o calor excessivo impede que os lagartos busquem alimento suficiente para sustentar seus filhotes. Embora o calor não mate os lagartos nesse caso, ele impede que eles se reproduzam.
Lagartos são importantes na cadeia alimentar porque consomem grandes quantidades de insetos e são consumidos por aves, cobras e outros animais.
Algumas das regiões onde o risco de extinção é maior incluem partes do México, bacia amazônica e África equatorial.
Bolha de metano causou explosão de plataforma de petróleo no Golfo do México
A explosão da plataforma petrolífera Deepwater Horizon, no golfo do México, foi provocada por uma bolha de gás metano que escapou do poço, foi lançada pela coluna de perfuração e se expandiu rapidamente --porque rompeu várias barreiras e lacres de cimento antes de explodir.
A plataforma, que pertence à empresa suíça Transocean e estava sendo operada pela BP, explodiu no dia 20 de abril e afundou na quinta-feira seguinte, depois de ficar dois dias em chamas.
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Sean Gardner -8.mai.10/Reuters |
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![Explosão matou 11 trabalhadores da plataforma, e provocou o
derramamento de até 3 mi de galões de petróleo](https://f.i.uol.com.br/folha/ambiente/images/10128112.jpeg) |
Explosão matou 11 trabalhadores da plataforma, e provocou o derramamento de até 3 mi de galões de petróleo |
A explosão matou 11 trabalhadores da plataforma, e provocou o derramamento de até 3 milhões de galões de petróleo bruto no golfo. O vazamento de petróleo ameaça a costa dos EUA.
As informações sobre a origem da explosão foram obtidas a partir de entrevistas com operadores do equipamento durante investigação interna da empresa BP.
Hoje, uma fornecedora da empresa BP afirmou que a câmara de aço levada até o fundo do mar no golfo do México para conter o vazamento estava a uma profundidade de 1,5 km, mas teve que ser afastada porque houve formação de cristais de gelo por dentro dela.
"Não podemos dizer que fracassamos [com a caixa], mas posso dizer que as tentativas que desenvolvemos até agora não funcionaram", disse, em entrevista coletiva, o diretor de operações da BP, Doug Suttles.
A instalação da caixa, de cem toneladas e altura de um prédio de três andares, é uma das grandes esperanças para canalizar o vazamento de óleo do poço, que derrama a cada dia no mar cerca de 800 mil litros de petróleo.
Investigação
Embora a causa da explosão ainda esteja sob investigação, a sequência dos eventos descritos nas entrevistas fornece mais detalhes da explosão de 20 de abril.
Partes das entrevistas (duas escritas e uma gravada), foram descritas pelo engenheiro Robert Bea, professor de engenharia da Universidade de Berkeley, na Califórnia
Com base nas entrevistas, Bea acredita que o conjunto dos trabalhadores testou um lacre de cimento no fundo do poço.
Em seguida, eles reduziram a pressão na coluna de perfuração e tentaram definir um segundo lacre abaixo do fundo do mar. A reação química causada pelo cimento teria criado calor e uma bolha de gás metano, que destruiu o lacre.
Nas profundezas do oceano, o metano tem forma cristalina. À medida que a bolha se levantou a coluna de perfuração em alta pressão, intensificou e cresceu, rompendo diversas barreiras de segurança.
Com agências internacionais
País irá produzir combustível de dendê sustentável 06/05/2010
O Governo apresentou ontem dois projetos para produzir comercialmente diesel vegetal a partir de óleo de palma, também conhecido como azeite de dendê, na Amazônia e garantiu que eles serão sustentáveis e terão um impacto mínimo sobre a maior floresta tropical do mundo.
Um dos projetos será desenvolvido pela Petrobras e o outro pela empresa em associação com a portuguesa Galp e terá como objetivo distribuir o combustível na Europa.
Os projetos com base no estado do Pará, apresentados ontem em entrevista coletiva por dirigentes do Ministério da Agricultura, da Embrapa e da Petrobras, serão lançados amanhã pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O Programa de Produção Sustentável de Óleo de Palma contempla o uso de tecnologias não poluentes e concede linhas de crédito a pequenos agricultores das áreas nas quais serão instaladas as fábricas para que cultivem a palma.
O coordenador de Agroenergia do Ministério da Agricultura, Marco Antonio Viana, defendeu a necessidade de aplicar este tipo de políticas social para compensar o esforço das famílias cuja economia acabará dependendo do projeto.
"A produção (da plantação) não começa a ser rentável até o quinto ou sexto ano, portanto estes créditos são necessários para sustentar essas famílias", explicou Viana, que também assinalou a vantagem de recuperar "áreas degradadas" por outros cultivos.
O óleo de palma é um dos extratos vegetais mais utilizados no mundo para a produção de combustíveis. Ano passado a produção foi de 45,9 milhões de toneladas principalmente na Indonésia, Malásia e Tailândia.
O Governo identificou mais de 29 milhões de hectares na Amazônia "adequados" para a plantação de palma, o dobro dos 13 milhões de hectares destinadas atualmente ao cultivo no mundo todo.
"A Malásia, a Tailândia e a Indonésia são os principais produtores de óleo de palma, mas fizeram isso avançando sobre a selva, e nós não queremos isso", assegurou Egon Krakhecke, secretário de Extração e Desenvolvimento Rural do Ministério do Meio Ambiente.
As instituições responsáveis pelo projeto asseguraram que a plantação na região amazônica será restringida às áreas já desmatadas, além de excluir as unidades de conservação (reservas indígenas e reservas ambientais).
O diretor da Embrapa para a Amazônia Oriental, Claudio José de Carvalho, anunciou um investimento de 60 milhões de reais na formação técnica dos trabalhadores da fábrica e na infraestrutura para a produção das sementes geneticamente melhoradas no Brasil.
O presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, explicou que a estatal pretende desenvolver dois projetos diferentes dentro do programa de biocombustíveis.
O Projeto Pará, que prevê a produção de 120 mil toneladas de biodiesel ao ano, será destinado a abastecer a região norte do Brasil, e o Projeto Belém, desenvolvido em partes iguais com a companhia portuguesa Galp, à exportação.
O Projeto Belém prevê a construção de uma fábrica no Pará (investimento de US$ 315 milhões) e de uma unidade industrial em Portugal (investimento de US$ 263 milhões) para a produção de 300 mil toneladas de biodiesel ao ano.
Segundo Rossetto, o objetivo é atender o mercado europeu para aumentar a produção brasileira de energia no exterior.
Isótopos de minerais podem revelar se dinossauros tinham sangue frio ou quente 30/05/2010
Novo método permite descobrir a temperatura interna do corpo de animais mortos há muito tempo
por Katherine Harmon
![](https://www2.uol.com.br/sciam/img/px_branco.gif) |
COMMONS WIKIPEDIA/ R. Knight |
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Pesquisadores tentam descobrir se esses animais eram endotérmicos |
![](https://www2.uol.com.br/sciam/img/px_branco.gif) |
O apavorante e enorme Tyrannosaurus rex tem uma reputação de matar suas vítimas a sangue-frio. Mas será que esse dinossauro era ectotérmico (tinha sangue frio)?
Em função dos fortes laços evolutivos entre répteis (ectotérmicos) e aves (endotérmicos), torna-se difícil saber se os dinossauros também não eram capazes de regular a própria temperatura corporal interna.
Um novo método de estudar as ligações químicas de um mineral encontrado nos dentes e ossos desses animais pode finalmente oferecer uma maneira de resolver essa dúvida.
Pesquisadores descobriram isótopos pesados de carbono e oxigênio se ligam de forma diferente na versão biológica do mineral apatita (componente principal dos ossos e dentes de animais, vivos ou extintos). “Esses isótopos raros são propensos a se unir em grupos a baixas temperaturas; portanto, se medirmos a aglutinação com precisão suficiente, é possível descobrir em qual temperatura o mineral foi precipitado", explica Robert Eagle, pesquisador de pós-doutorado em geoquímica no California Institute of Technology e principal autor do novo estudo, publicado on-line no dia 24 de maio no Proceedings of National Academy of Sciences.
Uma maneira similar de examinar conchas ajudou os pesquisadores a estimar temperaturas, observado as ligações nas estruturas do carbonato de um cálcio.
"A maioria das pessoas utilizava esse método para observar as alterações climáticas ocorridas no passado e diversos problemas geológicos, como o aquecimento e resfriamento da crosta terrestre", diz Eagle. Mas a abordagem de John Eiler, professor de geologia e geoquímica no Caltech e co-autor do estudo, defende que a mesma análise pode ser aplicada à apatita remanescente nos dentes ou ossos fossilizados.
Eagle e seus colegas testaram o método em uma variedade de seres endotérmicos vivos e extintos, incluindo um dente de um elefante indiano moderno (Elephas maximus indicus), um dente de um rinoceronte branco moderno (Ceratotherium simum) e alguns dentes de mamutes extintos no final do Pleistoceno (Mammuthus primigenius). Sua análise obteve uma precisão de 1 a 2 graus Celsius para os animais modernos, conferindo uma aproximação de alta precisão para os animais que morreram milhões de anos atrás.
Descobrir se o T. rex era um animal ectotérmico não é apenas um uma forma de saciar a curiosidade, mas também de lançar uma luz sobre a forma de regulação de temperatura interna desses animais, que, como os autores do novo estudo observaram, "é um dos aspectos fundamentais para entender a biologia deles. O surgimento de animais endotérmicos foi uma grande mudança fisiológica ocorrida em uma fase desconhecida durante a transição evolutiva dos mamíferos e das aves”.
Como parte do estudo, o grupo também realizou testes com dentes de crocodilo-do-nilo (Crocodylus niloticus), dentes de jacarés americanos (Alligator mississippienis) e com esmalte das espécies do Mioceno. Comparando os endotérmicos extintos do Mioceno com animais ectotérmicos do mesmo período, os pesquisadores encontram uma diferença de 6 graus Celsius, revelando uma diferença mensurável entre mamíferos e animais ectotérmicos.
“Outras estimativas para os climas antigos foram baseadas em fósseis de plantas”, observa Eagle. “Todos os dados são, de certa forma, incertos já que são influenciados por outros fatores.”
Afinal, LHC realiza as primeiras colisões de partículas
Cientistas anunciaram ter conseguido pela primeira vez nesta terça-feira a colisão de feixes de prótons no Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), o acelerador gigante que visa colidir partículas no nível mais alto de energia já tentado, recriando as condições presentes no momento do Big Bang. O LHC, situado em um túnel subterrâneo circular de 27 km de extensão sob a fronteira franco-suíça, começou a circular partículas em novembro passado, depois de ser fechado em setembro de 2008 por causa de superaquecimento.
Um cientista sênior que ajudou construir o LHC afirma que a principal causa do acidente em 2008 poderia ter sido evitada. “Toda a falha técnica é uma falha humana”, argumenta Lucio Rossi, físico que supervisionou a produção dos ímãs supercondutores do acelerador. Em um paper publicado em 22 de fevereiro, Rossi concluiu que catastrófica falha de uma caixa de ligação entre dois ímãs não foi um acidente bizarro, mas sim resultado de um design pobre e da falta de diagnóstico e garantias de qualidade. “O projeto sofrerá com as conseqüências disso ainda por muitos meses”, diz.
Em 19 de setembro de 2008, semanas antes de o LHC ser programado para começar a colisão dos prótons, curtos elétricos danificaram bastante sua estrutura. Uma conexão entre dois cabos supercondutores desenvolveu pequena resistência, que a aqueceu até que esses cabos, refrigerados por hélio líquido, perderam a capacidade de conduzir a corrente. Milhares dos ampères se espalharam então através da máquina, abrindo um furo em uma lateral e liberando várias toneladas de hélio liquido. A expansão do gás hélio destruiu partes da máquina, sujando de fuligem o foco ultralimpo de raios e soltando os ímãs de seus suportes. Os reparos levaram mais de um ano para ser realizados e o LHC foi reativado com sucesso em novembro.
Uma investigação revelou que os técnicos não tinham soldado corretamente aqueles cabos. “Com dezenas de milhares de conexões, talvez fosse inevitável alguma falha”, relata Rossi. Mas defeitos de projeto agravaram o problema. A solda de prata utilizada derreteu a altas temperaturas e não fluiu facilmente pelas junções do cabo. Além disso, funcionários não verificaram adequadamente se todas as conexões eram eletricamente seguras. E ainda não haviam sido instalados os sensores que detectam circuitos em superaquecimento e poderiam ter ajudado na prevenção desse acidente.
Pior ainda, continua Rossi: quando os fios foram originalmente soldados, a mesma solda de prata foi usada para conectá-los a um estabilizador adjacente de cobre, cuja função era fornecer uma rota de escape para a corrente em alguma eventual falha. Essa decisão trouxe o risco de se reaquecer e destruir a conexão original, diz ele. O problema poderia ter sido evitado se a segunda conexão ao estabilizador fosse feita com um tipo diferente de solda, que tivesse um ponto de derretimento mais baixo. Lyn Evans, que supervisionou o LHC de 1994 a 2009, diz que a essa ideia chegou a ser estudada, mas foi rejeitada porque a solda alternativa continha chumbo – um risco para os trabalhadores.
Uma análise detalhada realizada no último verão europeu detectou várias outras conexões defeituosas. E agora o Cern diz que será necessário um ano para corrigir todos os problemas da máquina. Como resultado, o LHC não funcionará com toda sua energia de colisão – de aproximadamente 14 tera-electronvolts – pelos próximos meses.
Muitos cientistas do LHC envolvidos no problema afirmam que o acidente foi conseqüência natural da construção de máquina tão grande e original. “Pessoalmente acho que ele (Rossi) é um pouco duro consigo mesmo na gestão do tempo”, diz Steve Myers, líder atual do projeto. “Em um projeto tecnicamente complicado e com cronogramas apertados, é quase impossível não ocorrerem erros.”
Mas Jim Strait, físico do Fermilab em Batavia, Illinois, diz que a interpretação de Rossi é basicamente correta. “A conexão entre os ímãs do LHC não é forte o bastante”, diz Strait. “O design parece ter sido planejado para facilitar a instalação”, completa. “Esses estúpidos detalhezinhos de projeto não recebem atenção porque são tediosos.” Apenas a revisão constante dos projetos e uma gestão mais integrada podem evitar que ocorram mais problemas, conclui ele.
Rossi não responsabiliza nenhuma pessoa pelo ocorrido. “Na Itália, costumamos dizer: ‘Chi non fa, non sbaglia’ (quem não faz, não erra). O que nós temos de fazer é aprender com nossos erros e melhorar.” |
CIENTISTAS: SERES HUMANAS CONGELADOS PODEM SER RESSUSCITADOS
14 de junho de 2010 • 14h22 • atualizado às 15h12
Estudo tenta solucionar o desafio de como os seres humanos podem ser trazidos de volta à vida depois de congelados
Foto: Getty Images
Leveduras e vermes podem sobreviver à hipotermia, se forem submetidos primeiro à extrema privação de oxigênio, afirma um novo estudo. Os resultados deste estudo, afirmam cientistas, poderiam solucionar um dos maiores desafios da ciência: como os seres humanos podem ser trazidos de volta à vida depois de serem congelados.
O estudo revelou uma capacidade anteriormente desconhecida de organismos para sobreviver ao frio letal temporariamente retardando os processos biológicos que mantêm a vida.
"Descobrimos que a extensão dos limites de sobrevivência no frio é possível, se o consumo de oxigênio é o primeira a diminuir", disse o pesquisador Mark B. Roth do Fred Hutchinson Cancer Research Center em Seattle, Washington em entrevista ao site Live Science.
Uma forma de "hibernação forçada" - estado conhecido como "animação suspensa" - envolve a suspensão repentina de reações químicas no organismo, devido à falta de oxigênio. Um vídeo que captou 10 horas do processo de desenvolvimento de um embrião de minhoca do bebê mostrou um rápido processo de congelamento da divisão celular através da remoção do oxigênio do ambiente. Esta divisão celular recomeçou duas horas e meia depois de que o oxigênio foi restaurado.
Quando submetidos a temperaturas de congelamento, os embriões de levedura e de minhocas não vivem, afirmaram os pesquisadores. Um total de 99% dos embriões usados no experimento morreu após 24 horas de exposição à temperatura um pouco acima de zero.
Mas, quando foram privados de oxigênio na forma acima descrita, 66% das levedura e 97% das minhocas sobreviveram. Após o reaquecimento e reintrodução de oxigênio, os dois organismos muito diferentes foram reanimados e mostraram expectativa de vida normal, disseram os autores da pesquisa.
Para os cientistas, uma melhor compreensão sobre a ligação entre baixos níveis de oxigênio e baixas temperaturas pode levar à uma maneira de estender a vida de órgãos humanos para transplante.
E também poderia explicar o que tem sido um mistério insolúvel: casos registrados de seres humanos que foram "trazidos de volta à vida" depois de sucumbir à hipotermia. "Há muitos exemplos na literatura científica dos seres humanos que parecem congelados até a morte. Eles não têm batimentos cardíacos e estão clinicamente mortos. Mas eles podem ser reanimados", disse Roth. "Da mesma forma, os organismos em meu laboratório pode ser colocado em um estado de animação suspensa reversível através de privação de oxigênio e outros meios. Parecem mortos, mas não estão."
Casos documentados de humanos reanimados com sucesso após passar horas ou dias sem pulso em condições extremamente frias inspiraram Roth a estudar a relação entre hipotermia humana e sua própria pesquisa em hibernação forçada.
No inverno de 2001, a temperatura do corpo da menina canadense Erica Norby caiu para 16 graus Celsius, quando ela esteve deitada por horas depois de sair de casa a uma temperatura abaixo de zero vestindo apenas uma fralda. Aparentemente morta, ela se recuperou completamente depois de ser reaquecida e ressuscitada.
O mesmo fato curioso aconteceu com o alpinista japonês Mitsutaka Uchikoshi que foi descoberto com uma temperatura corporal de 22 graus C, 23 dias depois de adormecer em uma montanha nevada em 2006.
"Nós queremos saber se o que estava acontecendo com os organismos em meu laboratório foi o que aconteceu em pessoas como a menina canadense e o alpinista japonês. Antes de congelar eles conseguiram de alguma forma diminuir seu consumo de oxigênio? É o que os protegeu?", disse Roth. "Nosso trabalho em nematoides e leveduras sugere que pode ser esta a explicação e isso pode levar-nos um passo mais perto de compreender o que acontece com pessoas que parecem congelar até a morte, mas podem ser reanimadas sem sequelas". O efeito protetor da privação de oxigênio detém os processos biológicos antes do desenvolvimento de perigosas instabilidades. Quando reanimados, os processos continuam de onde pararam, sem nenhum sinal de ruptura ter ocorrido.
"Quando um organismo é suspenso o seu processo biológico não pode fazer nada errado", disse Roth. "Em condições de frio extremo, por vezes, essa é a coisa certa a fazer, quando você não pode fazer isso direito, o certo é não fazer nada."
O objetivo final dessa investigação é a de ganhar tempo para os pacientes em estado de choque físico - como após ataques cardíacos e severas perdas de sangue - aumentando suas chances de sobrevivência por preservá-los até que possam chegar a cuidados médicos, disseram os pesquisadores. Outras formas de hibernação forçada incluem a exposição a agentes químicos como o sulfureto de hidrogênio